quinta-feira, 31 de julho de 2014

Morte não é a Esquálida Caveira

 Morte não é a esquálida caveira
Dura, disforme, seca e carcomida:
Ela um destroço é, uma caída
Da abreviada, racional carreira. 
 

 De ossos e carne envernizada, inteira,
Por vida tem a nossa própria vida.
Come, bebe, passeia, está vestida
E, até morrer, é nossa companheira. 
 E sombra que sentimos e não vemos,


Segue-nos sempre aonde quer que vamos,
Só nos deixa nos últimos extremos.  
 A Morte é sempre a vida que logramos,
Pois morte são os dias que vivemos
E, vida, só o instante que expiramos. 




Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

Nenhum comentário:

Postar um comentário